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A saúde de Bauru está na UTI

Superlotação, falta de profissionais e estrutura, espera de mais de seis horas para o atendimento, pacientes com Covid-19 junto aos demais e usuários indo embora para casa sem atendimento. Essa é a atual realidade das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Bauru.

São muitos os relatos que revelam a gravidade do colapso no sistema público de saúde em meio a chegada da terceira onda de Covid em Bauru. A ausência de médicos nas unidades e a lotação que obriga os os pacientes com suspeita de contágio pelo coronavírus a ficarem no mesmo local que os demais são os principais problemas – e não há soluções à vista.

Em duas entrevistas concedidas nesta semana pelo secretário municipal de saúde, Orlando Costa Dias, o médico reconheceu que a terceira onda da doença já está no município e diante das declarações pouco esclarecedoras, revelou a inabilidade da prefeitura em lidar com o impasse junto à Fundação Estatal Regional de Saúde da Região de Bauru (Fersb), responsável pela falta de médicos nas unidades. Com o escandaloso aumento no número de casos e óbitos por Covid-19 – com uma taxa de ocupação de leitos de 106% e sem planejamento –, os usuários que dependem da saúde pública, bem como os servidores da pasta estão entregues a própria sorte.

Prova recente do descaso da gestão de Suéllen Rosim com os servidores da saúde foi a recusa da prefeitura em aderir à capacitação Saúde com Agente, ofertada pelo Ministério da Saúde para os Agentes de Endemias. De acordo com o Ministério, a iniciativa tem como finalidade melhorar os indicadores de saúde, a qualidade e a resolutividade dos serviços da Atenção Primária aos brasileiros.

Além de melhorar a qualidade dos serviços prestados à população, a adesão à formação possibilitaria que a categoria alcancasse o piso salarial nacional de Agente Comunitário de Saúde e Endemias. Entretanto, diferente de outros municípios do interior de São Paulo, Bauru optou por não aderir à capacitação. Em reunião com o Sinserm, o secretario de saúde, Orlando Costa Dias, chegou a classificar a discussão sobre o Saúde com Agente a reposição dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) como 'banalidades'. Costa Dias solicitou que as reuniões com o sindicato não ocorressem com frequência mensal, sugerindo encontros de dois em dois meses para tratar assuntos de tais naturezas. Compreendemos que a capacitação técnica de servidores, bem como a melhoria dos serviços públicos ofertados aos bauruenses e a disponibilidade de EPIs não são banalidades e, portanto, temas de tamanha relevância devem ser tratados com prioridade e atenção.

É possível que, se a secretaria de saúde e a prefeitura de Bauru enfrentassem as questões da cidade com responsabilidade técnica e humanística ao invés de tratar dos problemas com desdém e falta de compromisso, o sistema municipal de saúde não estivesse entubado e padecendo em UTI.

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