Na manhã desta quarta-feira (06/08), a Câmara Municipal de Bauru realizou audiência pública para debater a proposta de criação do Cartão-Educação, que permitiria aos pais de alunos da rede municipal de ensino adquirirem uniformes e materiais escolares diretamente no comércio local. A iniciativa do debate foi da vereadora Estela Almagro (PT), que presidiu a reunião, marcada por duras críticas à condução da política pública de fornecimento desses itens por parte da gestão Suéllen Rosim.
Presente na audiência, o advogado do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Bauru e Região (SINSERM), José Francisco Martins, foi enfático ao denunciar o fracasso do atual modelo adotado pela Prefeitura de Bauru, baseado em licitações com registro de preços que têm gerado atrasos, irregularidades e prejuízos evidentes à comunidade escolar. “O governo vem fracassando no modelo de adquirir os itens diretamente através de licitação e disponibilizar para os alunos — fracassos apontados inclusive pelo próprio Tribunal de Contas do Estado”, destacou o advogado.
Em 2024, o Tribunal de Contas julgou irregular a compra de uniformes escolares pela Prefeitura, com indícios de superfaturamento. Além dos valores elevados, os produtos entregues — quando entregues — apresentaram baixa qualidade e falta de padronização, com muitos estudantes sequer tendo recebido os kits até o final do primeiro semestre letivo.
Apesar das evidências de ineficiência e do desgaste já sentido pelas famílias da rede, o governo municipal — por meio do secretário de Educação, Nilson Ghirardello, e do secretário da Fazenda, Everson Demarchi — apresentou forte resistência à proposta do Cartão-Educação. Alegaram impossibilidade de rastreamento dos itens adquiridos e riscos de “desvio de finalidade”, desconsiderando por completo as soluções já adotadas por outros municípios e ignorando o potencial de fortalecimento da economia local com o investimento direto no comércio bauruense.
Para o SINSERM, a insistência do governo em manter um modelo falido levanta uma série de questionamentos sobre seus verdadeiros interesses. A quem interessa destinar verbas milionárias para empresas de fora da cidade que historicamente falham na entrega dos produtos? Por que o governo de Suéllen Rosim se nega a discutir alternativas que beneficiariam diretamente os estudantes, especialmente os mais vulneráveis, ao mesmo tempo em que impulsionariam o comércio local?
O sindicato reafirma que não se trata de uma disputa entre varejo e atacado, como tentaram simplificar os representantes da Prefeitura, mas de uma mudança de paradigma na gestão pública, baseada na transparência, na eficiência do gasto e na dignidade dos alunos. O que falta não são normas ou tecnologia, mas vontade política para romper com velhas práticas e construir soluções mais democráticas, inclusivas e responsáveis.
A audiência pública escancarou o descaso da gestão municipal com as necessidades básicas das crianças da rede pública e mostrou que alternativas são possíveis. Resta ao governo de Suéllen Rosim escolher entre continuar alimentando um sistema ineficiente ou finalmente priorizar as famílias bauruenses e o futuro da educação no município.