Desde o retorno presencial das atividades escolares em Bauru, o número de alunos e profissionais da educação acometidos pela Covid-19 não para de subir. E se até há algum tempo falácia de que crianças não desenvolviam sintomas da doença ou até mesmo que não eram contaminadas pelo coronavírus sobrevivia no imaginário negacionista, as novas cepas chegaram para derrubar tal discurso de uma vez por todas. Infelizmente, a cada dia tornam-se comuns as notícias de crianças e adolescentes com sintomas graves da doença. Sem falar naquelas que de fato contraem o vírus e são assintomáticas, mas que nem por isso deixam de transmitir para seus familiares.
Você com certeza já ouviu falar de alguém próximo contaminado pelo coronavírus em ambiente escolar, certo? O Sinserm recebe reclamações diárias sobre o caos instalado nas escolas após o retorno das atividades presenciais. E diante destes relatos, encaminhamos ofícios regularmente questionando a secretaria da educação sobre o monitoramento destes contágios, bem como sobre a imunização da categoria. Até o momento ignorados na íntegra. Quantos profissionais já foram vacinados? Quantos faltam vacinar? O que está sendo feito para imunizar aqueles que ainda não completaram seu esquema vacinal? São respostas que, ou a secretaria ou não tem, ou está sendo impedida pela prefeitura de se posicionar. Em qualquer uma das hipóteses, a situação é assutadora.
De acordo com o calendário de vacinação do governo do estado de São Paulo, os profissionais da educação entre 18 e 44 anos devem ser vacinados entre 21 e 31 de julho. Ou seja, daqui pouco mais de um mês. Então nos questionamos: por que não aguardar até que todo o quadro seja vacinado e possa voltar às suas atividades com segurança? Não é possível que tenham prejuízos tão irreparáveis neste espaço de tempo quanto o risco de vida ao qual estão expostos estes servidores.
Além das condições sanitárias preocupantes, os problemas estruturais ganham contornos ainda mais intensos com a intransigência da gestão Rosim. Na ânsia de fazer acenos ideológicos ao curral eleitoral que lhe colocou na prefeitura, Suéllen não olha para as dificuldades sistêmicas da educação em Bauru. Exemplo disso pode ser observado na EMEF Dirce Boemer Guedes de Azevedo. A diretoria do Sinserm esteve na unidade nesta segunda-feira (7) e conferiu as condições precárias vividas por aquela comunidade escolar.
O prédio da EMEF Dirce Boemer está sendo reformado, então as crianças foram alocadas em dois salões cedidos por uma igreja evangélica do bairro. Durante a visita, estavam nos salões três professoras e dois servidores de apoio. A secretária e a coordenadora da escola estão com Covid. Há apenas um banheiro no local. Ou seja, as atividades são mantidas apenas por razões político-ideológicas. Não há condições mínimas para que o exercício da aprendizagem ocorra sem prejuízos.
Em resumo, alunos e servidores são expostos ao risco de contágio do novo coronavírus sem a contrapartida do propósito existencial da escola: o ensino.
É lamentável observar o que se tornou a educação de Bauru. Uma cidade que já foi referência educacional, com profissionais valorosos e aguerridos, padecer de maneira tão dramática. O sindicato continuará a lutar pela valorização da categoria e a manutenção dos direitos laborais daqueles que dedicam a vida para formar outras vidas.