Uma matéria publicada na edição do dia 13 de dezembro do Jornal da Cidade noticiou que Ministério Público do Trabalho (MPT) celebrou um termo de ajustamento de conduta (TAC) com o Município de Bauru, pelo qual a prefeitura se comprometeu a realizar, no prazo de 180 dias, o treinamento das merendeiras da rede pública de ensino, a fim de promover a capacitação para manutenção de equipamentos e utensílios utilizados nas cozinhas.
A medida, segundo o texto, teria como finalidade prevenir acidentes, como o que feriu gravemente uma servidora após o estouro de uma panela de pressão em junho de 2022 em uma escola pública da cidade. Na ocasião, a trabalhadora estava cozinhando sozinha para cerca de 500 alunos quando a panela explodiu, jogando a servidora no chão com queimaduras no rosto, pescoço, ombros e alguns pontos dos membros superiores.
O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Bauru (Sinserm) enfatiza que os valorozos servidores que trabalham nas cozinhas das escolas públicas de Bauru não têm responsabilidade pelas condições de trabalho inadequadas às quais são submetidos, nem aos eventuais acidentes que tais condições provocam. É de conhecimento público que estes profissionais desempenham suas atividades sobrecarregados, uma vez que a prefeitura não repõe o quadro de funcionários e os equipamentos não recebem manutenção preventiva.
Treinamentos e capacitações são sempre bem-vindos para tornar o serviço público mais humano e eficiente, mas há neste TAC uma mensagem subliminar que não podemos deixar passar: a responsabilidade pelos problemas nas cozinhas das escolas não é dos servidores. Não é com Termos de Ajustamento de Conduta que resolveremos a falta de funcionários, os equipamentos precários, a ausência de manutenção e os riscos de acidentes. Estas questões precisam ser enfrentadas pelo governo com seriedade e comprometimento, sem jogar a culpa nas costas dos trabalhadores.