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Quando o fascismo negacionista encontra o oportunismo

Repugnante. Nada define melhor a participação na última quarta-feira da Secretária de Educação, Maria do Carmo Kobayashi, em uma rádio de Bauru (aquela fascista que gosta de empresário explorando trabalhador na pandemia e romantiza pobre que coloca a própria vida em risco para manter em dia a lucratividade de seus parceiros).

Enquanto ouvia o pseudo-profissional que conduz o programa zombar de servidores que precisaram se afastar do trabalho por possuírem comorbidades, que comprovadamente aumentam o risco de óbito em caso de contaminação por COVID-19, mentir que os afastados não estão trabalhando e distorcer maldosamente a gravidade da pandemia, afirmando que não passa de preguiça de trabalhar e que "as crianças não são pestilentas", Kobayashi só fez assentir veemente a cada afirmação, reforçando o triste rumo que decidiu dar à sua reputação pessoal e profissional e rasgando aquilo que sempre defendeu: a ciência e a racionalidade.

Fez questão, ainda, de frisar ser "a maior incentivadora do retorno das aulas" presenciais e que desde março não poupa esforços para isto, se dizendo, inclusive, uma pobre vítima daqueles que foram contrários à sua postura negligente e genocida. "Injustiçada" por discordarem de sua opinião tão "sensata" de que, mesmo no auge das contaminações pela pandemia e com bauruenses morrendo por falta de leitos para tratamento nas unidades de saúde, tudo estava melhorando e o ambiente era favorável para incentivar aglomerações e circulação de pessoas com o retorno.

E não parou por aí. Ainda na carona das opiniões fascistas da apresentação do programa, se disse totalmente contrária aos afastamentos e afirmou que desde o primeiro dia está encaminhando documentações para a Secretaria de Negócios Jurídicos para que medidas possam ser tomadas para repreender estes servidores.

No embalo de frases populistas como "professor que trabalha é professor que cuida de criança" e "não gosta do cheiro da criança, vai fazer outra coisa na vida", ditas pelo gabaritado apresentador e prontamente apoiadas pela secretária, Kobayashi escolheu o caminho dos covardes, do fascismo sustentado por um populismo barato e oportunista, que busca jogar a população, desesperada por suporte de um governo ausente e indiferente, contra aqueles que cobram uma Administração Pública responsável, que preze pela vida de seus cidadãos acima de qualquer interesse econômico e, principalmente, ofereça meios para que todos possam enfrentar a pandemia em segurança, sem precisar colocar a própria vida ou a de terceiros em risco para que não passem fome.

Romantizar quem somente pode optar entre morrer de fome ou pela pandemia, sequer recebendo o direito de escolher pela segurança de quem ama, é atitude típica de oportunistas a quem somente o dinheiro interessa. Postura corriqueira e que não surpreende ninguém quando parte do programa de rádio do qual a secretária participou. O que choca é ver comungando com tais ideais alguém que representa a Secretaria de Educação e deveria EDUCAR nossos jovens para serem cidadãos com senso de humanidade, coletividade e amor ao próximo.

Se defender vidas acima do dinheiro (concentrado nas mãos de poucos) é ser "canhotas canalhas", então somos e sempre seremos com orgulho. Adoramos o cheiro das crianças e continuaremos a defender uma educação de qualidade, com segurança e preservação da vida, delas, de suas famílias e de todos os profissionais das escolas. O cheiro de morte dos bauruenses que infelizmente foram vítimas desta política negacionista e fascista tão fortemente incentivada, deixamos para os "urubus" do dinheiro com o microfone (e a caneta) na mão.

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