O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Bauru e Região (SINSERM) se reuniu, nesta quarta-feira (2), com o presidente do Departamento de Água e Esgoto (DAE), João Carlos Viegas da Silva, após receber fortes reclamações de servidores sobre as altas temperaturas e o desconforto térmico que vêm sendo enfrentados diariamente no setor de receitas da autarquia.

A vistoria realizada pelo sindicato constatou o que os trabalhadores já denunciavam: todos os aparelhos de ar-condicionado estão inoperantes há mais de um ano, sem qualquer perspectiva concreta de reparo. Para tentar amenizar o calor insuportável, foram instalados ventiladores — alguns cedidos pelo próprio Departamento, outros trazidos pelos servidores —, recurso completamente insuficiente para enfrentar o ambiente abafado e tórrido.

No momento da visita, por volta das 16h30, os termômetros marcavam mais de 31ºC dentro da sala. A equipe do SINSERM encontrou trabalhadores exaustos, suando, com dificuldade de se concentrar e sem condições mínimas para exercer suas funções. O local é, objetivamente insalubre, perigoso e indigno, comprometendo a saúde e a produtividade dos servidores.

Cerca de 20 funcionários relataram possuir condições como hipertensão, obesidade, dermatite atópica e problemas de pressão, todas agravadas pelo calor extremo. Mesmo assim, permanecem diariamente expostos a um ambiente que viola normas básicas de saúde ocupacional.

O diretor de serviço do setor afirmou haver cinco vagas disponíveis em outra sala climatizada para remanejar alguns trabalhadores, solução parcial, improvisada e incapaz de atender a totalidade dos servidores afetados.

Diante da gravidade exposta, o presidente do DAE, João Carlos Viegas da Silva, em um raro gesto de boa vontade e eficiência dentro da atual gestão municipal, deixou seu gabinete e se reuniu pessoalmente com o sindicato. Em conversa aberta com a diretoria do SINSERM, Viegas admitiu os problemas e justificou que, desde que assumiu, vem enfrentando gargalos estruturais deixados pela má administração da autarquia.

O presidente explicou que a troca dos aparelhos de ar-condicionado depende de processo licitatório que vem fracassando sucessivamente. Cinco empresas já foram desclassificadas por descumprirem exigências do edital. Apesar disso, garantiu estar empenhado em resolver a questão.

Viegas assumiu o compromisso formal de solucionar o problema em até 20 dias. Questionado pelo sindicato sobre ações imediatas, afirmou estudar alternativas provisórias de remanejamento dos trabalhadores até que a solução definitiva seja implantada.

O SINSERM considera inaceitável que servidores permaneçam expostos a condições que ferem a legislação trabalhista, as normas de saúde e segurança e o mínimo dignidade humana. Situações como essa são reflexo da irresponsabilidade generalizada da Prefeitura de Bauru, que permite que setores inteiros funcionem em condições precárias, adoecendo trabalhadores e prejudicando o serviço público.

Dessa forma, o sindicato oficializará o DAE solicitando informações detalhadas, prazos, medidas emergenciais e o cronograma oficial assumido pelo presidente. O SINSERM acompanhará de perto cada etapa.