Terminou nesta segunda-feira (5) o recesso escolar para a rede municipal de ensino de Bauru. Publicado no dia 25 de março, o decreto nº 15.341 antecipou o recesso diante do agravamento da pandemia no município e, apesar da situação permanecer grave, a prefeita Suéllen Rosim e a secretaria de educação não se pronunciaram até o momento sobre o retorno – ou não – dos servidores da pasta às atividades presenciais.
Em comunicado à imprensa, a prefeitura anunciou na última quinta-feira (1), que as atividades remotas retornariam a partir de hoje e já nesta terça-feira (6), as escolas reabririam para fornecer alimentação aos alunos, continuando com a postura de expor desnecessariamente os servidores justamente no mais grave momento de toda a pandemia.
Embora não preveja atividades presenciais com alunos, ao decidir reabrir as escolas – seja para alimentação ou entrega de material aos alunos sem acesso à internet –, o governo convoca diversos servidores para retornar aos locais de trabalho de maneira desnecessária e perigosa. Basta boa vontade política e planejamento adequado para que estas demandas sejam solucionadas, mantendo o atendimento das necessidades dos alunos sem que, para isto, precisemos pagar o preço em vidas de servidores.
Mais uma vez, sem qualquer diálogo com a categoria e seu sindicato, a administração negacionista de Suéllen escolhe o caminho mais fácil e trata os servidores públicos como cidadãos de segunda categoria, cujas vidas são descartáveis.
Por isto, cabe a cada servidor da educação fazer a sua parte, permanecendo ou aderindo à greve sanitária e protegendo a si, sua família e toda nossa sociedade. Em meio ao pior momento da pandemia e sem um plano efetivo de vacinação, não podemos abrir mão de lutar pela vida de cada bauruense, seja o servidor público exposto pela irresponsabilidade de Suéllen, sejam as dezenas de pessoas que pagam por esta postura, agonizando em nossas unidades de saúde à espera de um leito para atendimento. Está mais do que provado que negacionismo mata. Não é possível falar em retorno presencial sem a imunização total dos trabalhadores.
ALIMENTAÇÃO
Não negamos o importante papel do município/escolas no fornecimento mínimo de alimentos a diversas famílias de alunos bauruenses. Porém, a exemplo do vale-merenda, que continua a vigorar, é possível que o governo municipal adote medidas que mantenham o amparo a estas famílias sem que seja necessária a exposição de servidores a riscos de contaminação.
Além disto, a prática de entrega de alimentos nas escolas estimula o deslocamento de inúmeras famílias, sobrecarregando, entre outras coisas, o transporte público, um dos principais catalisadores de disseminação da Covid-19.
Portanto, cabe à prefeitura explicar qual é a coerência em ofertar alimentação nas unidades escolares se existe alternativa mais segura já contratada com o dinheiro do contribuinte, como é o caso do vale merenda.
É por estas e outras que afirmamos que a exposição dos servidores da Educação não é uma questão de necessidade, mas sim de posicionamento político, consequência da postura negacionista adotada no Palácio das Cerejeiras, que relativiza não apenas a gravidade da pandemia mas, principalmente, o valor das vidas que perdemos diariamente em nossa cidade.