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O fantástico mundo do negacionismo institucional

Recentemente ultrapassamos a triste marca de 1000 vidas bauruenses ceifadas pela pandemia de Covid-19. Destas mortes, mais de 70% ocorreram em apenas 6 meses de mandato de Suéllen Rosim.

Não é coincidência.

Quando se assume um mandato rezando a cartilha de um governo cada vez mais comprovadamente corrupto e negacionista, como é o caso de Jair Bolsonaro, não dá para se esperar outro resultado senão a tragédia que vivemos em Bauru. Seja em um grande churrasco em Brasília, sem qualquer proteção facial ou respeito ao distanciamento social, seja cantando em um show de inauguração de igreja, Suéllen assumiu seu mandato deixando claro desde o primeiro dia que seu foco era outro.

Para sua "seita" negacionista, a pandemia é um mal aceitável, vidas são descartáveis e tudo se resolverá naturalmente com a tal imunidade coletiva. Falácia pura de um governo que opta por fechar os olhos para a ciência em prol de distorcidas e infundadas crenças, inventadas apenas para pavimentar o caminho de seus nocivos anseios políticos.

Nas palavras do Comitê Científico de Combate à Covid-19 do Interior Paulista, cujo parecer é assinado pelo médico e ex-Secretário Municipal de Saúde de Bauru, Fernando Monti, "imunidade coletiva é quando uma parte significativa da população adquire imunidade suficiente para interromper ou retardar a transmissão de uma doença infecciosa. No caso da COVID-19 ela é uma fantasia, porque não há precedente da aquisição desta imunidade coletiva pela ocorrência natural da doença, senão pela vacinação.

Não há relação direta entre imunidade coletiva e emergência de variantes virais. O que está ocorrendo com a COVID-19 no Brasil é que, enquanto se aguarda a fantasiosa imunidade coletiva a transmissão segue descontrolada. Quanto mais transmissão, mais replicação do vírus. Quanto mais replicação viral, maior a probabilidade de emergência de novas variantes."

Mas se é ciência, Suéllen, como Bolsonaro, logo se adianta para negar. A solução para a prefeita não está na ciência, no isolamento social, na vacinação em massa e no estrito cumprimento das medidas de segurança.

O que resolve mesmo é reduzir linhas de ônibus, aumentando a já costumeira superlotação, retomar as aulas presenciais, com direito a festinha junina nas escolas, e abrir o comércio em geral. E para o "surpreendente" caso desta política levar ao aumento das contaminações, a solução é aumentar a carga horária dos já esgotados e sobrecarregados funcionários da Saúde, sem contratar, sem repor perdas e muito menos sem levar em conta que não há mais leitos de atendimento para a população.

Escondida no mundo fantástico que tenta vender em suas redes sociais, Suéllen Rosim, com o apoio de seu vice, Orlando Dias, institucionaliza o negacionismo, relativiza a importância das vidas bauruenses e "governa" a cidade norteada pelos interesses de pequenos grupos políticos e religiosos.

O resultado é catastrófico e a luz no fim do túnel sequer parece existir. Temos longos 3 anos e meio pela frente e, com base na assustadora experiência que vivenciamos nos últimos 6 meses, Bauru corre sérios riscos de retroceder décadas, pagando com fome, desemprego e, principalmente, vidas inocentes, expostas e desprotegidas por uma consciente política necrófila.

A pandemia mata, mas o negacionismo mata muito mais. E é por isso que o governo conseguiu a façanha de se tornar pior que o vírus. Basta ver o cenário de terra arrasada que atinge Bauru.

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